“Como são belas
indizivelmente belas
essas estátuas mutiladas...
Porque nós mesmos lhes esculpimos
– com a matéria invisível do ar –
o gesto de um braço... uma cabeça anelada... um seio...
tudo o que lhes falta!”
(Mário Quintana, “Do Ideal” em A Cor do Invisível, 2ª edição, pág. 49, Editora Globo, SP, 1994)
Estas estátuas são fascinantes. Encontram-se na Praça Dom Sebastião, em frente à Igreja da Conceição. Não consegui identificar quem as esculpiu, nem em que época. Há referências apenas de que são feitas em mármore de origem portuguesa e que pertenceram originalmente a um conjunto de cinco – hoje são apenas estas quatro – inseridas numa fonte luminosa, com cascatas artificiais, erigida no centro da Praça da Matriz – Praça Marechal Deodoro – no início do século XIX.
A fonte foi transferida da Praça da Matriz para o local onde se encontram as estátuas remanescentes – Praça Dom Sebastião - em 1935. Nos dias atuais, o local é deprimente, pelo estado deplorável que o vandalismo o colocou. Não há mais a fonte, e o lago central está vazio – ou pelo menos estava, no dia em que fiz as fotos. Há indicações de que será tudo restaurado, mas o movimento nesse sentido é inexistente. Que pena, minha Porto Alegre! Quantas coisas bonitas são sonegadas de ti, desfigurando os teus logradouros e as tuas paisagens que sempre foram tema para os poetas, como Mário Quintana, que talvez tenha escrito o poema acima ao ver estes restos magníficos do que foi, um dia, uma fonte luminosa.
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Do conjunto original de cinco estátuas, uma “desapareceu”. Eram alegorias que representavam, cada uma, um dos rios que formam o estuário do Guaíba: O Rio Gravataí, o Rio Caí, o Rio Jacuí e o Rio dos Sinos, além do próprio Guaíba, que é a que falta.
Ainda bem que na falta do poder público e dos poetas, ainda existem alguns fotógrafos que registram, pelo menos, o que sobrou de um tempo pleno de glórias, romantismo e beleza.
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Vejam algumas fotos sobre o mesmo tema, inseridas aqui no blog, em 14 Nov 2007 – Imagens do Meu Porto – II:
http://ensaios-fotos.blogspot.com/2007/11/retratos-do-meu-porto-ii.html
Um comentário:
Pois é, aqui por Portugal também não há muito cuidado na preservação das coisas bonitas que temos.
Um abraço.
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