domingo, 20 de novembro de 2016

Por terras lusitanas – XIV

SOBRE BISCOITOS E PORCELANAS

    Era mais ou menos 5 da tarde de uma quarta-feira, dia bonito com céu de poucas nuvens, com temperatura agradável. Vindo da Assembléia da República, na direção do Chiado, passei pela Calçada do Combro, sem pressa, olhando as fachadas do casario antigo de ambos os lados, ao mesmo tempo em que observava a numeração desenhada no passeio, em pedras portuguesas, coincidentes com os números das casas. Eu estava pisando sobre os números 59, 61, 63 e 65, bem à frente de uma fachada onde, em peças de azulejo com decoração floral, lê-se “MERCIARIA FIDELIDADE”. 

    No número 63, sobre a porta e no 65, em cima de uma vitrine, achei estranho o fato de que não havia biscoitos, nem fiambres, nem guloseimas expostas, mas apenas antiguidades – ou melhor, “velharias”, como dizia o letreiro da entrada. “Antiquário Alfarrabista Velharias Coleccionesmo”, para ser mais preciso. 










    Entrei e por alguns minutos fiquei me embevecendo com o acervo de peças antigas – louças, porcelanas, esculturas, móveis, brinquedos, pratarias, bonecas, câmeras fotográficas, lustres e uma infinidade de quinquilharias que nos remetem a um passado pleno de nostalgia. Bem no centro da loja, ao fundo, um pequeno corredor – à entrada do qual se lê “Armazem de Víveres Chá e Café” - nos conduz ao interior – até onde não entrei. Esta legenda é suficiente para explicar o mistério da “Merciaria Fidelidade”, reportando-nos à origem da casa.

    Uma história a mais, certamente, entre as tantas que constituem a memória de Lisboa, que nos surpreendem e emocionam.

Evandro 

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