EVOCAÇÕES

Parque da Redenção, a praça mais antiga e tradicional
de Porto Alegre. Aqui, o Chafariz, o último exemplar
existente, que certa vez esteve na Praça da Matriz.

A POESIA DOS NOMES ANTIGOS

Das anotações que tenho guardadas em meus arquivos, estas, certamente, nos farão viajar ao passado de nossa Cidade.

Começo com os nomes antigos e os atuais de algumas ruas e praças de nossa "leal e valerosa Cidade de Porto Alegre". Uns são bem conhecidos. Outros, todavia, muita gente não ouviu falar. Assim, vamos lá. Se alguém quiser contestar, retificar ou acrescentar detalhes que eu não tenho, por favor, me escreva, pois serei grato.

- Rua Dom Afonso – Assim já se chamou a atual Rua Ramiro Barcelos, que começa lá na Voluntários da Pátria e atravessa a Farrapos, a Cristóvão, a Independência, a Protásio... e vai terminar na Av. Ipiranga, onde segue adiante com o nome de São Luís.

- Capão da Fumaça, depois Rincão e a seguir Caminho do Meio – é a nossa Avenida Protásio Alves, que conduz a Viamão, num trecho de aproximadamente 14 quilômetros. Tenho, para mim, que é a via mais extensa de Porto Alegre. A conferir.

- Rua da Esperança – Por que será que trocam os nomes de certas ruas? É a Rua Miguel Tostes.

- Rua de Bragança – Foi aberta em 1772, pelo Governador José Marcelino de Figueredo. Seu nome era em homenagem à Família Imperial. Hoje é a Marechal Floriano.

- Rua do Rosário – Esta todos conhecem, acho. Já foi chamada de Rua da Bandeira, depois Rua do Laranjal. Alí nasceu a Irmandade do Rosário. Agora é a Rua Vigário José Inácio.

- Avenida Eduardo – Prá turma que mora na Zona Norte é fácil: trata-se da Presidente Roosevelt, a principal do antigo 4º Distrito.

- Avenida Cascata – É a atual Avenida Professor Oscar Pereira. Chamava-se Cascata em alusão à Cascata da Gruta da Glória da qual, ainda hoje, jorra água fresquinha, cristalina... e potável! Uma preciosidade cada vez mais rara nestes tempos de água mineral engarrafada. Aliás, vale uma visita.

- Praça da Alfândega – Todos conhecem, mas poucos sabem que o seu nome oficial é Praça Senador Florêncio.

- Rua do Império – era, naturalmente, uma homenagem ao Império do Brasil. Após a proclamação da República, em 1889, passou a chamar-se, como é até hoje, Rua da República, é óbvio.

- Alto da Bronze – ou Praça do Alto da Bronze – É atualmente a Praça General Osório

- Rua da Ladeira – Outro nome bucólico, que podia ter sido preservado porque a ladeira sempre vai existir. Hoje é a Rua General Câmara.

- Beco do Fanha, depois Travessa Paissandu – Alguém sabe?  Não? Pois é a nossa Caldas Júnior, fundador do Correio do Povo. Vou tentar descobrir quem foi o tal "Fanha".

- Rua do Arvoredo - Imaginemos uma ruazinha cheia de árvores, passarinhos cantando, pessoas sentadas na frente das casas, crianças fazendo algazarra... Seria assim? Agora é bem diferente e se chama Rua Cel. Fernando Machado.

- Várzea, depois Campo do Bom Fim e, finalmente Redenção ou Parque Farroupilha. Parque – ou Praça? - com alma própria. É um lugar encantado.

- Portão, Largo do Portão e Praça do Portão – Já se chamou Praça General Marques e hoje é a Praça Conde de Porto Alegre. Ali, pelos anos de mil setecentos e antigamente se situava, no alto da Colina, o portão que dava acesso à cidade e onde, consta, as pessoas pagavam "pedágio" para entrar e sair. Como vêem, pedágio não é coisa tão nova como se pensa.

- Travessa da Olaria e depois Rua da Olaria – É a General Lima e Silva. Hoje encontramos lá o "Shopping Olaria". Por que será?

- Largo da Forca – Que horror! Existiu mesmo. Era barra pesada. Até poucos anos, ainda havia até fantasminhas de verdade por lá, assombrando os incautos. Lá no início da Rua da Praia, próximo ao Gasômetro. É a atual Praça da Harmonia. Ali houve dois quartéis do Exército. Um foi o Depósito Regional de Moto Mecanização. O outro, bem ao lado, era o Parque Regional de Moto-Mecanização que, em 1959, foi transferido para Santa Maria.

- Beco do Salso – Deu origem à bela Avenida Cristiano Fischer.

- Beco do Carvalho – Nossa Cidade nunca se ressentiu da falta de "becos". Era beco prá todo lado. Este transformou-se na hoje bonita e urbanizada Avenida Antonio de Carvalho.

- Rua da Margem – dos desfiles de Carnaval, com blocos, tribos, belíssimos carros alegóricos, cordões, confete, serpentina e até o hoje execrado lança-perfume. Vocês não sabem o que perderam. Dêem uma passada lá, pois se respirarem fundo, ainda vão sentir que resta um cheirinho de saudade. Chama-se Rua João Alfredo.

Bom, prá finalizar, vou fazer uma confidência sobre o "meu" bairro, este lugar verde e lindo que escolhi para morar e onde, pelas manhãs, a gente ainda acorda com cantoria de passarinhos. A Vila Nova, claro! Vocês sabiam que por aqui já houve linha férrea? É, isto mesmo. Trem. De verdade. A mais autêntica “maria-fumaça”, com sino, apito, chaminé, e até fumacinha. Foi entre 1926 e 1932. Por aí. Sem precisão de datas. No Centro da Cidade, próximo ao Mercado Público, havia a Estação Ildefonso Pinto, onde começava a linha que ia até à Tristeza, num percurso de uns 15 quilômetros. Pois bem. Os habitantes da Vila Nova, que precisavam escoar a produção agrícola e receber produtos que vinham de fora, conseguiram com a Prefeitura a construção de um ramal ferroviário que ligasse a Estação da Tristeza com a Vila Nova. E assim foi.

Quando quiserem conhecer, passem por aqui. Ainda restam ruínas, bem conservadas, da ponte de pedra sobre a qual passavam os trilhos. O mato encobre boa parte, mas pode-se ter uma boa visão e, com um pouco de imaginação, reconstituir mentalmente o que foi a linha férrea da Vila Nova. 

Evandro

* * *
Texto original: no Space "NÓS AQUI"

2 comentários:

Glenio Mello disse...

Caro Evandro.

Para saber quem foi o Fanha, recomendo a leitura do livro Anedotário da Rua da Praia. Lá encontrarás algumas passagens deste personagem pitoresco da nossa cidade.

Evandro disse...

Gratíssimo pela cortesia, Glênio!

Vou verificar. Esta postagem é antiga. Nem lembro a data.

Recentemente adquiri o livro do Sérgio da Costa Franco - PORTO ALEGRE ANO A ANO (1732 - 1950), lançado esses dias pela Letra&Vida. Estou devorando e me deliciando. Penso que logo encontrarei a refer~encia.

Obrigado, de novo. Volta mais vezes.

Abraços.

Evandro