sábado, 31 de outubro de 2015

Por terras lusitanas - X


PORTO – III

    Cheguei à Cidade do Porto, vindo de Entroncamento, distrito de Santarém, onde passei rapidamente, para reencontrar amigos, depois de minha saída de Lisboa para onde, dias depois, eu deveria voltar. O Comboio – trem da ferrovia Comboios de Portugal – deixou-me na Estação Campanhã, onde me esperava casal de velhos amigos, “quase irmãos”, dos quais a saudade já era imensa.

    Apesar da chuva e do frio que desde o dia anterior não davam tréguas, segundo soube, foram nossos cicerones incansáveis – além da hospitalidade com que nos acolheram, a mim e minha mulher, em sua casa.

    Dizer que Porto é linda é mera redundância. Trouxe de lá muitas fotos, algumas já compartilhadas com vocês, que atestam esta afirmação.

    Para hoje selecionei apenas um monumento que, por si só, daria uma série de postagens, devido às sua imponência e ao grande número de esculturas e simbolismos que o compõem. Refiro-me ao Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular. 






    O Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular localiza-se na Rotunda da Boa Vista.

    A Guerra Peninsular foi um episódio histórico que uniu portugueses e ingleses contra Napoleão Bonaparte, na Península Ibérica, entre 1808 e 1814. Pois é no centro da Praça de Mouzinho de Albuquerque que se ergue este monumento que celebra a memória dos bravos destas lutas.

    Sua autoria é do arquiteto Marques da Silva e do escultor Alves de Sousa. A construção começou em 1909, sob a responsabilidade da Cooperativa dos Pedreiros. O trabalho foi extremamente demorado, vindo a ser inaugurado apenas em 1951. Quando de sua conclusão, a obra estava sob a direção dos escultores Henrique Moreira e Sousa Caldas, pois Alves de Sousa já havia falecido. 









    O Monumento é constituído por um pedestal de 45 m de altura, rodeado de grupos escultóricos, chegando mesmo, dois deles, a “morder” a base. Estes representam cenas de artilharia em movimento, podendo ver-se também soldados ingleses que vieram apoiar Portugal, a intervenção das gentes do povo na luta e o desastre da “Ponte das Barcas”. 

    Notável é a presença do elemento feminino em todos os grupos: no da frente, uma mulher, a Vitória guiando o povo, empunha, na mão esquerda, a bandeira nacional e, na direita, uma espada. Completa o conjunto uma alta coluna encimada por um leão (símbolo da bandeira da Inglaterra, que enviou soldados para apoiar os portugueses na sua vitória) que abate uma águia (esta é o símbolo do império de Napoleão). Na base há figuras de soldados e cenas de fatos ligados às guerras napoleônicas, em relevos esculpidos no granito. Em duas frentes da base da coluna pode-se ver, em bronze, como toda a escultura, as datas MDCCCVIII e MDCCCIX (1808 e 1814), período em que a guerra ocorreu. Ainda no pedestal, destacam-se as armas da cidade. 










    Observando os detalhes desta obra, se me perguntassem o que achei dela eu diria que dramática. Mais que dramática, talvez, terrível. Terrivelmente bela! Por isto, permanecerá sempre em minha memória como um dos monumentos mais magníficos dentre os muitos que tenho visto e fotografado.

Evandro


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