terça-feira, 23 de setembro de 2008

Um Jardim que não é Meu

O ÚLTIMO BALUARTE





Quem não conhece, olha as fotos e não consegue abranger o ambiente em sua totalidade. Então, vou tentar descrevê-lo.

À frente, uma avenida de trânsito intenso, ligando diversos bairros da Zona Sul de Porto Alegre. À sua esquerda, uma área de estacionamento de veículos e um súper-mercado. À direita e atrás, um condomínio residencial – em fase final de construção – anexo a um "shopping Center", tudo separado por uma cerca e um muro. Esta "ilha" encantada, ainda assim resiste. Bravamente.  

Junto à majestosa e centenária figueira que domina o cenário de cartão postal, há palmeiras, árvores e arbustos de diversas espécies, refúgio de passarinhos que nos encantam com a melodia de seus cantares. No belo quintal, a casa antiga se insere na paisagem com a qual se harmoniza numa perfeita simbiose.  

Assim como esta residência, houve muitas outras. Toda a Vila Nova era assim. Aos poucos, porém, o progresso foi chegando. Ruas e avenidas foram sendo abertas. Condomínios residenciais, edifícios e centros de comércio brotaram do solo onde, antes, predominavam os sítios, as granjas, os parreirais. 

Pedi permissão ao "Seu" Flávio para fotografar a "sua" figueira. Conhecemo-nos há uns trinta anos. Ele me convidou para entrar e conversamos como há tempos não fazíamos. Rememorou e contou-me histórias que eu não sabia sobre o "meu" bairro. 

Qualquer hora dessas vou arrumar um jeito de contar pra vocês o que ouvi do "Seu" Flávio. Por enquanto fiquemos com estas fotos, que selecionei dentre as muitas que tirei.  

Este recanto permanece praticamente intacto. É o último vestígio de um passado não muito distante, quando as pessoas e a natureza ainda conviviam em paz. Como o "Seu" Flávio, com sua família, sua casa e sua figueira centenária. 

Sobreviverá ela à investida da modernidade? Por quanto tempo?...

Evandro

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