sábado, 18 de outubro de 2014

Por terras lusitanas - VII

LISBOA
Feira da Ladra

    Conta-se que no século XIII (provavelmente em 1272), em plena Idade Média, a Feira da Ladra já existia como uma espécie de mercado itinerante. Depois de circular por diversos bairros de Lisboa – esteve no Rossio (1552), na atual Praça da Alegria (depois do terremoto de 1755), e no Campo de Santana (1823) – fixou-se no Campo de Santa Clara, Freguesia de São Vicente de Fora (1882), onde se encontra atualmente.  

    Não há certeza quanto à origem de seu nome. A versão mais aceita é de que já nos primeiros tempos muitos produtos então comercializados tinham procedência duvidosa. Eram, certamente, “afanados”, daí decorrendo a alcunha de “Feira da Ladra”. Entretanto, imagino que a maior parte dessa história não passa de folclore, que a imaginação das pessoas alimenta e, como é comum nesses casos, dão um “charme” especial ao lugar. O fato é que hoje as coisas são diferentes, com comerciantes sérios e reconhecidos pela credibilidade. 














    Funcionando duas vezes por semana, às terças feiras e aos sábados, a Feira é, sem dúvida, uma grande festa colorida, onde entre velharias, badulaques e quinquilharias, encontram-se verdadeiras relíquias que fazem a alegria dos colecionadores, saudosistas e visitantes curiosos.

   Livros, selos, porcelanas, cristais, pratarias, discos e o que mais se possa imaginar, tudo me fez lembrar um pouco o nosso Brique da Redenção, embora a Feira da Ladra não possua a mesma organização e o ar dominical (com músicos, malabaristas, saltimbancos e artistas mil) a que estamos habituados. Pelo menos nos dias em que a visitei não os vi. Ali as coisas me pareceram mais simples, com muitas barracas armadas sem grande preocupação estética e uma imensidade de mercadorias expostas no chão, sobre lonas, cobertas ou estrados. Entretanto, talvez resida exatamente neste "despojamento" e "singeleza" que a caracterizam, o encanto que a Feira nos proporciona. 

    A Feira da Ladra - digo, sem receio de estar errado - é um lugar atraente, pitoresco, rico e variado, que desafia o tempo em sua existência multissecular e merece, indiscutivelmente, ser visitado e conhecido.

Evandro 

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