quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Estádio Olímpico - III









A entrada que dá acesso ao Estádio é, sem dúvida, digna de admiração. Logo à frente destaca-se o Pórtico Monumental, composto de três módulos conjugados que, uma vez ultrapassados, deixa-nos completamente à vista do magnífico Estádio Olímpico.

O que toca as pessoas mais sensíveis, mesmo as que não são torcedoras do Clube, é saberem que uma obra de tal magnitude dentro em breve estará em silêncio. Certamente se transformará em ruínas antes de ser demolida, pois este é o seu destino, para dar lugar a grande empreendimento imobiliário, tão logo o novo Estádio, a “Arena” – fique concluído no bairro Anchieta, para onde o Grêmio se transferirá.

Às vezes me questiono sobre um comentário que ouvi certa vez, de uma pessoa a quem muito estimo: “Os lugares têm alma”. Já pensei muito sobre isto e concluí que, realmente, os lugares ficam impregnados com fluidos com os quais são magnetizados no decorrer do tempo. O Olímpico tem alma. Durante mais de cinqüenta anos, milhões de pessoas por ali passaram. Ali viveram momentos de glória, de decepção, de alegrias, de sentimentos que foram se fixando no ambiente e construindo a alma coletiva do Clube, perceptível mesmo com o Estádio vazio, como estava no dia em que fiz estas fotos. Daqui há pouco, estas arquibancadas, este gramado, estas paredes, rampas e corredores simplesmente deixarão de existir. Para onde irá sua alma? Se transferirá, como num passe de mágica, para a “Arena”? Acho difícil. Não morrerá, certamente, pois é eterna. Mas, com certeza, ficará errante por muito tempo, num limbo indefinido, desorientada por ter perdido o corpo onde habitou por tanto tempo.

Mesmo os imortais, como este Clube Tricolor, nem sempre se dão conta disto.

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