segunda-feira, 14 de julho de 2008

Da contemplação

OLHARES DE VER





É bíblica a afirmação de que é preciso "ter ouvidos de ouvir e olhos de ver". Sei que isto não se aplica, literalmente, ao meu caso, já que aquelas palavras referem-se a um mundo fluídico, muito mais sutil do que o recinto material onde nos encontramos em nosso atual estágio evolutivo. Mas aqui mesmo é possível acurar os nossos sentidos para percebermos detalhes que à maioria de outros passam, por vezes, despercebidos. Não que sejam coisas de extraorinária e inexcedível beleza: podem ser bem singelas, como o desenho de uma gramínea iluminada pela luz do Sol, o reflexo de uma planta ou pedra à beira de um lago, a composição harmoniosa de algumas samambaias e flores silvestres semi-ocultas na vegetação à margem, muitas vezes à sombra, ou uma construção rústica abandonada num recanto perdido. Se andarmos atentos, elas se revelam naturalmente e nos proporcionam o prazer transcendente da contemplação.

Evandro

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