Parque Marinha do Brasil. Próximo do meio-dia.
De longe já tive a atenção chamada para a bela árvore florida que dominava o cenário, ofuscando tudo o mais que havia à sua volta.
Preparei a câmera. Então percebi que sob a copa enflorada havia uma moça. Estava em profundo recolhimento. Meditava. Seu espírito provavelmente flutuava por universos incompreensíveis para um simples mortal.
Apesar do movimento e do ruído urbano ao redor, permanecia ausente da dimensão onde eu me encontrava. Seu mundo estava distante dali, embora a sua presença física completasse, com extrema e feliz oportunidade, o quadro que se oferecia ao meu olhar.
Não ousei me aproximar mais. Não era meu direito invadir sua privacidade nem perturbar o seu êxtase. Com um sentimento de quase culpa, acionei timidamente o zoom e fiz a primeira foto.
Depois fiz mais cinco, de um ponto discreto onde a minha presença não lhe quebrasse a concentração.
Por mais alguns instantes a moça sem nome e sem rosto enfeitou, sem saber, as minhas fotos. Então levantou-se e seguiu seu caminho, deixando comigo as imagens que talvez nunca saberá que eu fiz.
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