quinta-feira, 8 de maio de 2014

Meditações

O GASÔMETRO

   Ontem fiz uma peregrinação pelo Gasômetro, um dos lugares mais contraditórios da minha Cidade, amado por todos os porto-alegrenses e que, talvez por esse amor exacerbado, é sempre o centro de polêmicas intermináveis. 

   Centro antigo, na “ponta da península”, guarda histórias pitorescas e conserva, mesmo em seus recantos mais negligenciados, um ar de saudade e melancolia que se mescla à efervescência dos fins de semana na orla junto à Usina que agora é Centro Cultural. Sem considerar as surpresas que ele nos revela a cada nova visita que lhe fazemos. 

   O Gasômetro, para mim, é um lugar de meditação. É ali que faço minhas reflexões sobre o que ele foi e já não é mais. Sobre o que é e o que poderia ter sido. E tento projetar, para um futuro talvez não muito distante, o que ele será depois das inúmeras – e algumas vezes demoradas – transformações pelas quais vem passando. 

   Mas como as palavras não são meu ponto forte, fico por aqui e tento mostrar um pouco do que registrei em imagens, segundo o meu jeito de ver e apreciar – embora nem sempre me deleitem. Assim, vamos a elas. 

   Aqui na Rua General Salustiano deparei-me com Loja Maçônica Província de São Pedro. Surpresa! Como é que eu nunca a vi, antes? Quanto tempo faz que foi edificada ali? Como é que eu consegui passar por ela tantas vezes, antes, sem que me tivesse chamada a atenção? Bem, não importa. O fato é que desta vez eu a vi e tirei estas fotos que dedico a vocês: 



 

   Na sequência andei perambulando em torno da Usina. Fiz uma porção de fotos, mas selecionei, de momento, só estas cinco, pois costumo demorar-me bastante até me decidir sobre que fotos publicar. Estas parecem-me interessantes e se vocês quiserem julgar, sintam-se à vontade. Amigos antigos que somos, podemos usar de total sinceridade, sem receio de “ferir suscetibilidades”, não acham? 




   Finalmente me detive um pouco para avaliar o que sobrou do grande sonho do Engenheiro Coester, que projetou o nosso Aeromóvel que, no final das contas, ficou só no sonho. A estrutura sobre a qual o “nosso trenzinho” circularia, é hoje um corpo estranho e deteriorado, repousando ali como um monumento à negligência, à má vontade, à incompetência e à burrice de tantos quantos tiveram a oportunidade de transformá-lo em realidade. Ainda bem que sobre os escombros do sonho, alguns artistas depositaram suas marcas, dando um pouco de colorido e vida a esses pilares sem serventia e sem futuro. 




 

   Eis, pois, fragmentos que colhi ontem, sem muito critério, no Gasômetro. Dizem que “fotos valem mais do que mil palavras”. Nem sempre concordo com esta afirmação. Este recanto porto-alegrense precisa ser visto e vivenciado, percorrendo-se cada calçada, pisando cada resto de paralelepípedo remanescente, olhando-se os pilares dos muros (*) que sobraram da antiga Casa de Correção, curtindo a Usina e encantando-se com o Guaíba enfeitado pelos reflexos do sol. Fotos jamais conseguirão transmitir isto. 

Evandro 

(*) Espero que estes últimos vestígios do belo prédio (embora malfada casa correcional) sejam preservados e que algum arquiteto consiga inseri-los convenientemente em um projeto de restauração daquela área. 

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